Tomei um banho demorado, refletindo sobre tudo aquilo que estava acontecendo: os sentimentos estranhos, o clima com o marcos e agora, a cereja do bolo. O escândalo doméstico com a empregada e o jardineiro. Por sorte acho que as meninas não ouviram nada e eu estava decidido a manter o segredo, mas iria ter uma conversa muita séria com a verdadeira Dona Sílvia.
Quando Marcos chegou senti o maldito frio na barriga de novo, mas fingi que estava tudo bem, aquela seria a última noite das meninas em casa naquela semana, consequentemente, minha última noite como madrasta delas.
Jantamos normalmente, eu falei com Marília e vimos mais uma comédia romântica na sala. Quando já íamos todos nos preparar para dormir, as meninas pediram para ficar acordadas até mais tarde com a gente. Marcos disse que tinha que trabalhar cedo, mas eu acabei concordando em ficar com elas.
Marcos beijou as meninas e já estava para subir as escadas quando Priscila disse: “Credo Pai, não vai beijar a tia Silvia? Que grosseiro! Nada romântico!” Juliana riu concordando, mas eu e Marcos paralisamos, tínhamos conseguido fugir daquilo até aquele momento.
Ele sorriu sem graça, eu me mantive com olhos escancarados.
“Minha nossa pai! O que é isso? Parece um sacrifício!” Juliana disse. “Olha a cara da Tia Silvia de assustada porque você nem quer dar um beijo de boa noite nela. Você nunca foi assim... credo!”
Eu só queria gritar que eu não estava assustado por não receber o beijo, mas sim, justamente pelo contrario: por correr o risco de recebê-lo. Nenhum som conseguia passar pela minha garganta. Marcos me olhou questionador, mas se aproximou. “Não... é que... então...” Ele gaguejava em busca de uma desculpa. Eu estava sentado no sofá e não consegui reagir quando ele acabou ali bem perto de mim. Meu estômago tinha um nó cego dentro dele e eu sentia uma certa tontura. Ele se abaixou e eu vi o rosto dele se aproximando do meu. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Então os lábios dele tocaram minha bochecha, eram mornos, firmes mas macios ao mesmo tempo. Quando ele desencostou a boca, a sensação quente ficou grudada ali, como um adesivo.
“Ah não pai, você ta de brincadeira...” Juliana ralhou. “Nem um selinho?”
Então eu tirei coragem de algum lugar com um plano de última hora e me levantei rapidamente. “Agora sou eu que não quero, se seu pai precisa se esforçar tanto assim pra...” Então fui interrompido por lábios encostando nos meus, os mesmos lábios mornos, firmes e macios. Mas agora eles tocavam os meus lábios. Eu derreti enquanto meu coração pulsava na minha garganta. As mãos dele tinham agarrado minha cintura, eu as sentia como tornos me esmagando, mas elas apenas encostavam em mim suavemente.
Os lábios dele pressionaram os meus um pouco, as meninas aplaudiram e eu fechei os olhos. Ele se afastou. “Boa noite, querida...”
Quando meus olhos abriram ele já nem estava mais na sala. Mas eu sei que ele sorriu. Aquele maldito sorriso dele.
As meninas sorriam pra mim. “Ah Tia Sílvia é muito bom ver você assim, apaixonada pelo meu pai...” Juliana enfiou uma faca em mim. Eu nem pude responder, apenas me sentei de novo no sofá. Confuso, perdido, quase desmaiando.
“Aliás, eu vou confessar, não fica brava... Mas eu concordava com a minha mãe que diz que você é só uma aproveitadora, que só tá atrás do dinheiro do meu pai e num sei quê... bla bla bla... bom, você sabe que ela não gosta muito de você?” Minha sorte era que Juliana gostava tanto de falar que nem esperava pelas minhas respostas, porque naquele momento, eu não conseguiria dá-las. “Mas bom, essa semana foi totalmente o contrário, fiquei de cara! Descobri que você é tão legal, quer dizer, acho que você mudou também né? não sei bem o quê, mas você tá diferente... nossa Tia Sílvia, tão mais irada... não é Pri?”
A pequena abriu um grande sorriso. “Aham... Tia Sílvia, fica assim pra sempre?” Elas riram enquanto eu sentia a segunda facada, dessa vez enfiada por Priscila.
Elas ainda falaram por um tempo de como eu tinha mudado e estava tão melhor. Aquilo mexia comigo, mas não tanto quanto o beijo. Eram quatro adesivos colados em mim. Um na bochecha, um em cada lado da minha cintura e um na minha boca. Parecia que Marcos ainda me agarrava e ao invés de nojo, algo dentro de mim queria que tivesse durado mais. Pra piorar, Juliana ainda disse que me via apaixonada pelo pai, que era bem mais perceptível que antes. Ou seja, eu demonstrava ser mais apaixonado por Marcos do que sua própria esposa. Eu estava apaixonado por um homem? Bom, eu tinha acabado de ganhar o selinho de um e não tinha respondido com um soco na cara. Não havia dúvidas que algo estava diferente.
Após o papo, as meninas me enfiaram no meio de um jogo de tabuleiro, mas eu mal prestava atenção. Toda hora elas me cutucavam pra jogar e tiravam o sarro pelas burradas que eu fazia. “É Pri, a Tia Silvia, até mudou, mas continua sendo nossa querida Loira Burra!” Eu apenas forçava um sorriso e uma cara de brava amigável pra elas e depois retornava ao meu tormento.
Para compensar um pouco todos os apuros que elas haviam me colocado, as meninas pediram para eu dormir com elas no quarto de Juliana. Era exatamente daquilo que eu precisava: não dormir na mesma cama de Marcos. Levamos o colchão de Priscila para o outro quarto e usamos uma segunda cama que ficava embaixo da principal.
As meninas ainda falaram muito aquela noite. Eu só pensei. Ou melhor me torturei até o dia seguinte.
Cheguei a ouvir as meninas levantarem e irem se despedir do pai, mas me mantive na cama, não queria encará-lo de jeito nenhum. Elas chegaram a cogitar me acordar, mas o próprio Marcos as dissuadiu, ele também deveria estar bastante incomodado.
Esperei apenas mais um pouco deitado após a saída de Marcos para não dar bandeira e levantei também. Sabia que a mãe delas não demoraria muito para chegar e queria me despedir direito delas.
Tomamos café juntos e quando eu já estava juntando a louça ouvimos a campanhia tocar. As malas já estavam na sala, as meninas me abraçaram, me beijaram e disseram que já estavam ansiosas pelo próximo fim de semana onde nos veríamos de novo. O que elas não sabiam é que não seria eu, mas sim a verdadeira Silvia.
Levei as meninas até a porta onde troquei frios cumprimentos com a mãe delas e carreguei uma das malas até o carro, percebi que até a ex de Marcos se impressionou com a atitude. Ganhei mais dois abraços, mais olhares congelantes e depois fiquei olhando as mãozinhas dando tchau enquanto o carro se distanciava.
Voltei para dentro de casa e me vi ali sozinho pela primeira vez, já que era o dia que Maria não vinha. Considerei aquilo uma tremenda sorte, pois tirando as meninas que eram ótimas companhias, minhas outras opções eram o Marcos e seu maldito olhar ou a empregada que me considerava com certa razão uma vagabunda.
Como eu estava tremendamente paranóico com o fato de eu estar achando que estava virando gay, assim que entrei fui correndo para o celular e resolvi pesquisar sobre o assunto. Não precisei de muito para atingir um certo alivio, uma das mais reconhecidas teorias cientificas sobre o assunto, considerava a orientação sexual algo derivado de hormônios e genes e naquele momento eu tinha genes e hormônios de uma mulher heterossexual que sentia atrações por homens. Não era eu que tinha virado gay, eu só estava naquele momento, dentro daquele corpo que sentia atração por machos. Era só uma maldita conseqüência daquele corpo. Cheguei até a sorrir sozinho, me sentindo muito mais leve. No dia seguinte eu voltaria para o meu corpo e todos aqueles sentimentos estranhos sumiriam, os sorrisos de Marcos seriam apenas sorrisos, os olhares apenas olhares. O alivio tomou conta de mim, eu devia ter olhado isso antes e me livrado da paranóia mais cedo.
Vesti um biquíni e fui para piscina. Aquele foi o momento em que me senti mais confortável naquele corpo, tudo estava prestes a acabar e aproveitar aquela mansão e até aquele corpo me pareceu muito razoável.
Sai da piscina e vesti uma das calcas jeans bem justas de Silvia, uma blusinha azul clara apertada e decotada, e um sapato de salto médio também azul. Agarrei minha bolsa rosa e saí. Dirigi até um restaurante que eu gostava e frequentava muito. Foi uma experiência muito diferente ver as reações diferentes dos garçons e manobristas que eu já conhecia como homem. Provoquei eles um pouquinho, mostrando o decote e minha bunda. Era engraçado estar do outro lado da cerca sem o peso da paranóia.
Tive um ótimo almoço e depois fui a uma galeria onde tinha uma exposição fixa minha. Totalmente camuflado perguntei para os guias da galeria sobre o autor e fiquei feliz com as respostas. Todos pareciam realmente gostar e respeitar muito meu trabalho.
Voltei para casa perto do fim da tarde já sabendo exatamente o que fazer. Me enfiei dentro da banheira e fiquei lá por quase duas horas fazendo tudo que eu tinha direito.
Saí bastante relaxado e resolvi que não deixaria o clima ficar estranho entre eu e Marcos. Decidi que a gente deveria era tomar umas, como homens. Apesar de tudo.
Quando ele chegou eu já estava pronto, com uma calça jeans preta, uma camisa branca que tinha uns babados na frente e uma bota de salto baixo preta. Ele abriu a porta e me encontrou no sofá. O frio na barriga veio, mas dessa vez eu já estava preparado. Eram os hormônios e os genes. Ele logo desviou o olhar, eu sorri, ele estava envergonhado.
“Oi...” ele disse timidamente, esperando que eu o destruísse verbalmente. Eu sorri. “Oi!” Foi fácil perceber a surpresa no rosto dele.
“Sobre ontem... bem... eu... eu queria... me desculpar... eu... eu... não consegui resistir... eu sei que...”
Eu levantei do sofá e o interrompi. “Desencana, cara! Isso já foi... Eu tenho um convite pra te fazer.”
Ele parecia um cachorrinho em uma casa nova, completamente desorientado. “Um convite?”
“É... eu queria que a gente saísse pra tomar umas, como homens. Como fizemos no começo da viagem, antes de toda essa bagunça. O que acha?”
“Eu... eu... Você tem certeza?” Ele ainda parecia bastante confuso e arrependido.
“Tenho sim.” Eu disse enquanto caminhava até a geladeira. De lá peguei duas long necks. Ofereci uma para ele que ainda estava parado no meio da sala meio em choque. Ele pegou meio sem jeito, bem devagar.
“E aí, vamos?”
Marcos só relaxou quando sentamos em um pub que eu costumava ir com meus amigos. Comemos muitas coisas gordurosas e bebemos. Tentei tomar Guiness como sempre fazia, mas tive que parar na primeira. Fiquei um tanto embriagado antes mesmo de terminar e ainda me senti completamente estufado. Isso de maneira nenhuma me desencorajou de beber, apenas passei para uma cerveja mais leve, feita de trigo. Uma que combinava muito com o que eu era, uma mulher.
Eu já estava bêbado e tentando desesperadamente me sentir como um homem de novo. A gente manteve a conversa no mundo masculino: esportes, carros, musica. Mas a realidade era muito diferente das minhas tentativas. Eu não conseguia parar de olhar para o Marcos de um jeito que não era nada masculino, eu olhava para a boca dele, prestava atenção nos seus músculos do pescoço, tinham momentos em que eu apenas deixava ele falar e assistia... eu, droga, eu ficava ali era admirando mesmo. E quanto mais eu bebia, mais a coisa piorava, eu comecei a imaginar a boca dele tocando a minha novamente, as mãos deles me tocando. Quando eu percebi eu já estava certo de que se Marcos desse qualquer passo, eu não agüentaria, eu iria realmente experimentar ser uma mulher por completo. Ele avançou a primeira casa:
“Eu sei que você não quer falar disso, mas... Porra! Eu achei que você ia me matar, depois do beijo que te dei. Fiquei com medo até de você invadir meu quarto durante a noite com uma faca.” Ele riu, eu também e, praticamente, senti o beijo novamente. O adesivo tinha voltado com força total. O sorriso dele me derretia.
A mistura da bebida soltando minha língua, com a intimidade que estávamos compartilhando ali e com, bem, meus estranhos sentimentos eu disse olhando para a bolacha de chopp que meus pequenos dedos destruíam: “É...” Eu sorri um riso muito mais feminino do que eu jamais achei que sairia de uma boca minha. “eu tive vontade de te matar mesmo, mas também... eu... tava sentindo. Eu... eu senti... é... com tudo aquilo que eu tava sentindo. Eu fiquei confuso... Paranóico... Eu fui até pesquisar na internet.” Mais um risinho feminino saiu da minha boca.
Tirei os olhos da bolacha de chopp e fui congelado pelo olhar dele. Ele sorria presunçoso. Eu estava me entregando para o predador e a cara dele deixava isso óbvio. Ele me deu mais corda.
“Pesquisar na internet? O que?”
Eu demorei para responder, estava difícil sair do feitiço que o sorriso dele tinha me colocado. Olhei pra baixo de novo agora meus dedos picavam desesperadamente o papelão.
“Bem... eu vi... eu vi que é normal... que é por causa dos hormônios... da genética, sabe?” Eu me sentia uma menininha adolescente, qualquer tentativa de fingir ser homem tinha ido pro ralo.
“O que é normal?” Ele disse já sabendo a resposta.
Eu senti meu corpo inteiro arrepiar, maldita boca, maldito álcool. “Eu... eu...”
“Você não achou o beijo tão ruim né?” Ele disse abrindo ainda mais o sorriso, eu sentia minhas bochechas queimarem de vergonha. Eu queria me enterrar.
Eu não respondi, eu não conseguia. Ele se levantou da cadeira alta de bar que estávamos sentados e se aproximou.
“Marcos... não...” Minha voz saiu pequena.
Quando eu percebi a mão dele estava na minha nuca e sua boca grudou na minha, daquela vez, a língua dele me invadiu, encontrando a minha. A outra mão dele se apoiou na minha coxa. Meu corpo inteiro agora ardia e ao mesmo tempo congelava. Eu literalmente derretia. Eu estava bêbado, eu sei, mas senti concretamente algo acontecer ali no meio das minhas pernas, senti meus mamilos ficarem duros. O meu corpo estava extremamente excitado. Os dedos dele se moviam entre meus cabelos, raspando na minha delicada nuca. Eu me arrepiava inteiro. Eu fechei os olhos. Eu entrei em um transe, um transe muito gostoso. Não sei se foi bebida, hormônio ou gene, mas sei que minha língua passeou com a dele.
Não sei quanto tempo durou, mas quando ele parou eu era uma estátua. Completamente ereto e assustado. Abri os olhos e dei de cara com um sorriso dele ainda pior, um sorriso vitorioso.
“Você também sente né? Não sou só eu...”
“Eu...”
“Sim, a genética é forte, os hormônios também...”
Eu apenas balancei a cabeça positivamente.
“Pois é, você não tem muita escolha... acho. Eu sabia dessa teoria, mas nunca tinha visto na prática.”
“Eu não sou gay...” Foi a única coisa que consegui dizer, ele gargalhou.
“Relaxa... Na atual circunstância, você seria gay se tivesse acabado de beijar uma mulher. E se aquela maldita estátua não me sacaneou também, acho que não sou uma.” Eu ri.
“É né? Eu sou... droga, eu sou uma mulher agora.” Eu realmente estava bêbado.
Ele riu de novo. “Pois é... você tem muita sorte no final das contas, vai conhecer os dois lados da moeda...”
“É, a Marília disse a mesma coisa...”
“E é verdade, você tem que ver o lado positivo disso tudo... e, bom, não só ver... acho que você deve aproveitar o lado positivo disso.” As últimas palavras foram ditas a milímetros da minha boca e ele me beijou de novo.
Dessa vez, um dos braços dele envolveu minha cintura e eu timidamente coloquei minhas pequeninas mãos no tórax dele. Eu estava entregue. O predador tinha pego a presa.
Quanto mais eu bebia, obviamente, mais inibições eu perdia e quanto mais inibições eu perdia, mais eu queria beber para ficar cada vez mais desinibido, livre para sentir aquilo tudo sem culpa. Estávamos nos agarrando como o casal que aparentávamos ser. Pior, parecíamos mesmo era um casal de adolescentes.
O pub tinha uma pista de dança. Antigamente eu ia para lá e ficava apenas observando, escolhendo uma das garotas para interagir. Isso foi antes de conhecer Marília e isso foi antes de estar como eu estou. Dessa vez eu simplesmente deixei a musica tomar conta de mim, eu dançava empolgadamente, sentia meus peitões balançando, meus cabelos chacoalhando. Droga! Eu até rebolava, chacoalhava minha bunda. Eu estava soltando toneladas de tensão ali na pista. Na pista e em Marcos. Eram turnos de reboladas e turnos de agarração com Marcos, eu nem precisava mais que ele desse qualquer passo, eu jogava meus braços em volta do pescoço e lançava meus carnudos lábios na boca máscula dele. Era diferente ser a mulher, eu acho que me soltei mais, deixei ele tomar conta de tudo. Tomar conta de mim. Eu nem me incomodei quando comecei a sentir a ereção dele na minha barriga, pelo contrario, aquilo fez tudo ficar ainda melhor, me senti um pouco orgulhoso de estar despertando aquela reação no corpo dele.
Eu não estava mais ali, eu não era mais eu, eu não era nem Silvia mais. Eu era uma pessoa nova. Uma pessoa nova muito excitada.
Saí do bar cambaleando. Marcos não muito melhor, mas pelo menos mais forte, me segurava pelo braço. Entramos no taxi e nossa pegação foi para um novo nível. As mãos entraram no jogo. A primeira vez que ele pegou no meu seio, uma pequena voz gritou na minha cabeça dizendo que eu estava indo longe demais. Ela foi engolida por um gemido e um risinho que eu dei.
Então ele passou a me beijar apalpando meu peito. O que dizer sobre isso? Eu deveria me envergonhar, mas era uma delícia, eu poderia ficar horas daquele jeito. E quando ele começou a beijar meu pescoço então, eu fechei os olhos e me senti mergulhando numa piscina de algodão doce.
Acho que ele só não foi mais longe porque o pouco de discernimento que o álcool havia deixado nele o avisou que estávamos dando um show particular pro taxista. Ele se afastou um pouco sorrindo pra mim. Eu abri os olhos, minha calcinha devia estar encharcada, e quase implorei para ele não parar, acho que meu rosto implorou. Ele só fez um movimento com os olhos indicando o motorista e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha.
“Uau...” Ele disse. “Fazia tempo que eu... fazia muito tempo que eu não me divertia tanto... To me sentindo um adolescente...”
Eu apenas sorri, mas eu concordava plenamente, a noite estava incrível e eu me sentia uma garotinha, uma garotinha no seu primeiro encontro.
Chegamos em casa e foi impossível não nos agarrarmos de novo. Foi ele trancar a porta para nossos lábios colarem de novo. Então ele colocou as duas mãos nas minhas nádegas e me levantou do chão. Instintivamente, eu abri minhas pernas e o envolvi. Meus braços o agarraram pelo pescoço. Os dedos dele sustentavam minha bunda, me seguravam inteiro. Eu me sentia no paraíso. Ele atacou meu pescoço de novo, eu lancei minha cabeça pra trás e gemi.
Ele me carregou até o quarto e suavemente me colocou na cama. Eu sabia o que estava por vir. A voz tentou me avisar de novo. Eu apenas abri um sorriso embriagado e joguei meu peso pra trás deitando na cama. Ele se deitou por cima de mim, eu nem tinha percebido, mas minhas pernas estavam abertas aninhando o corpo dele, simulando o que estava por vir.
Alem da voz na minha cabeça, o próprio Marcos tentou me avisar enquanto atacava meu pescoço com sua língua mágica. “Você... você tem certeza?”
Eu primeiro gemi, senti um rio entre minhas pernas, um vazio enorme, uma necessidade absurda de ser preenchido. O peso dele sobre mim, as mãos dele me apalpando, me apertando. Claro que eu tinha certeza. Eu ri um riso de quem diz ‘Ah agora vamos pensar nisso?’ e disse “Bom, acho que a gente já passou do limite... Não quero nem pensar nisso agora... nem consigo pensar nisso agora... O que eu penso agora é que se você parar, eu te mato.”
Ele quase gargalhou e abriu um sorriso ainda mais safado. “Você que manda... eu não quero morrer agora, antes de...” Ele começou a desabotoar minha camisa.
Cada botão que era desabotoado, me dava direito a beijos nos seios, as vezes lambidas. A camisa se abriu expondo meus peitos aprisionados no sutiã pra ele. Foi só mais um convite pra ele continuar me despindo. Primeiro, ele só afastava os bojos da lingerie para chupar meus mamilos, colocá-los inteiros na boca e me enlouquecer. Depois, ele enfiou a mão por debaixo das minhas costas e me livrou da roupa. Do sutiã e da camisa. Agora, ele tinha acesso total a um dos grandes símbolos da minha feminilidade.
Meus seios ganharam atenção de estrela de cinema. Ele os chupava arrancando gemidos genuínos da minha boca. Ele lambia meus mamilos e as vezes os mordiscava. Eu não sabia o que fazer, nunca estive naquela posição antes, mas minhas mãos meio que se mexiam sozinhas. Eu agarrava suas costas, afundava meus dedos em seus cabelos e gemia, ah como eu gemia. Marília havia brincando com os meus seios antes, tinha sido bom, mas os avanços de Marcos eram mais fortes, mais firmes... mais gostosos.
Então ele desabotoou minha calça. Minha barriga se transformou no pólo norte e minha vagina nas cataratas do Iguaçu. Ele abaixou o zíper e beijou minha barriga. Eu me contorci de prazer. Ele arrancou minhas botas e as jogou no chão. Então começou a descer minha calça. Devagar, beijando minhas coxas, meu joelho.
Quando percebi, eu estava ali deitado na cama só com uma pequena calcinha branca cobrindo meu orgão sexual... feminino. Com um homem ajoelhado na minha frente, me olhando como um lobo faminto. Fugir era a última coisa que eu queria. Eu queria mesmo era que ele me devorasse.
Ele entendeu o recado. Começou debaixo, beijando meus calcanhares, minhas batatas da pernas, lambendo a parte detrás dos meus joelhos. Agarrando minhas coxas com a força de quem tá muito excitado. Eu continuava no transe prazeroso que tudo aquilo me colocava.
Ele abriu minhas pernas com urgência, eu fiquei inteiro arrepiado e soltei um gemido mais alto. Ele começou a lamber os interiores das minhas pernas, quase minha virilha, eu me contorcia e gemi ainda mais alto quando o nariz dele roçou ali no meio.
As incríveis mãos dele agarraram minha calcinha e foram a abaixando, raspando na minha pele, expondo minha vagina. Pude sentir a calcinha descolando dos meus lábios, eu jorrava líquidos femininos. Minha perna se abria sozinha, abrindo espaço pra ele, senti o ar tocando minha úmida intimidade, mas aquilo foi apenas o ensaio para algo incrível. A língua dele tocou levemente minha pele mais feminina e começou a passear por ali, explorando, me levando para o céu. Depois o ataque foi mais forte, a língua se enfiava na minha delicada abertura e quando subiu e tocou meu clitóris, eu gritei de prazer. Ele sabia o que estava fazendo, conhecia a anatomia da esposa, ali na hora, minha anatomia. Ele começou a sugar o ponto mais sensível dali e eu só tinha condições de me contorcer e gemer. Não havia mais razão nenhuma em mim, apenas prazer e sexo. Não demorou muito pra ele completar a ação enfiando um dedo ali no meio das minhas pernas. Um dedo muito maior que o de Marília, um dedo mais firme, um dedo que ficava muito mais gostoso e a vontade dentro de mim.
Ele ficou um bom tempo ali, chupando e me fodendo com o dedo. Me preparando, me deixando pronto. E quando ele se ajoelhou, arrancou a própria camisa, tirou a calça e a cueca. Tudo isso enquanto eu apenas me contorcia na cama de prazer, de vontade de continuar, de vontade de receber mais. Eu estava mais que pronto.
Ele se aproximou de novo, ajoelhado. Eu vi aquele negócio ali na minha frente. Apontando pra mim, empinado, másculo, potente. A voz dentro de mim tentou estragar tudo de novo. Marcos também ofereceu uma segunda chance, me olhou pedindo aprovação. Minha vagina escolheu por todos nós. Ela gritava por aquilo, exigia que fosse penetrada. Eu sorri timidamente e confirmei com a cabeça. Disse sem deixar que minha voz saísse, com os olhos semi cerrados. “Vem...” Mas minha vagina urrava. “Vai! Me fode com isso! Me impala!”
Ele veio, devagar. Meu coração quis pular pela minha boca, minha barriga congelou. Ele se colocou entre minhas pernas. Senti a pele dele roçando no interior das minhas coxas. Olhei de novo para aquele membro, prestes a entrar em mim. Fechei os olhos, abri um pouco mais as pernas e comecei a sentir algo ali roçando nos meus lábios vaginais, procurando uma entrada, procurando seu encaixe.
De repente, ele acha e eu sinto aquilo tudo dentro de mim. Me preenchendo muito mais que os meus dedos, muito mais que os dedos de Marília, muito mais até do que o dedo do próprio Marcos. Me satisfazendo muito mais. Aquele era o preenchimento que faltava, o encaixe perfeito. Eu estava ali de pernas escancaradas, recebendo um homem, um macho dentro de mim. A vergonha, a paranóia, a culpa. Todas as preocupações eram insetos perto da magnitude do prazer que eu sentia.
Quando ele começou a entrar e sair de mim então, todo o resto das brincadeiras sexuais que eu havia tido naquele corpo, pareciam realmente, apenas brincadeiras, superficiais. Aquilo era sério, aquilo era sexo, aquilo era prazer.
Ele beijava meu pescoço, meus seios. Eu agarrava seus braços fortes, cravava minhas unhas nas suas costas e me abria, me abria inteiramente pra ele. Para que ele me fodesse, me comesse, metesse em mim. E ele fez tudo isso, as vezes ele ia rápido e raso e aquilo me fazia soltar curtos e agudos gemidos. As vezes ele ia fundo, forte e devagar e aquilo me fazia soltar um gemido mais gutural, mais longo, mais de dentro.
Em um dos turnos em que ele estava indo rápido e raso, veio o primeiro. Eu senti meu corpo todo tremer e um prazer indescritível tomou conta do meu corpo. Eu não gemia mais, eu berrava e o prazer não saia de mim. Ele continuava ali, brincando de desintegrar meus nervos, meus ossos, minha pele. Quando tudo parecia que estava acabando, veio de novo, me nocauteando com uma luva deliciosa tesão. Eu parecia convulsionar, nocauteado pela poderosíssima sensação.
E foram alguns nocautes antes que eu sentisse o corpo dele tencionar e um grunhido escapar da sua boca. Ele enfiou mais algumas vezes bem fundo e bem forte e eu senti o membro dele pulsar dentro de mim, senti ele derramar seu líquido dentro de mim. A voz da minha cabeça berrou algo inaudível, já meu corpo recebeu aquilo com extrema felicidade.
Marcos caiu sobre mim, pesado, suado. Delicioso. Me beijou na boca de novo, eu podia sentir o gosto da minha própria vagina ali. Me beijou na bochecha também e saiu de cima de mim. Deitou-se do meu lado e agarrou minha mão.
Ficamos um tempo olhando para o teto em silêncio, eu estava bem zonzo, de prazer e da bebedeira. O mundo girava e eu sabia que girava para me dar uma vida, no mínimo, bastante mudada, mas eu não queria pensar naquilo naquele momento. Eu só queria curtir os neurotransmissores agindo no meu cérebro e se espalhando pelo meu corpo. Eu me sentia um drogado no meio de uma viagem alucinógena. Eu me sentia um deus... Uma deusa, eu me sentia uma deusa do sexo.
Não sei quanto tempo ficamos ali daquele jeito, mas lembro que antes de pegar no sono, senti ele beijar minha testa e ouvi ele dizer. “Boa noite, querida...” Eu acho que abri um sorriso, não sei, mas tenho certeza que dormi uma mulher bem feliz.