quarta-feira, 10 de outubro de 2012

UMA PROFUNDA TROCA DE CASAIS CAP. 10




Tomei um banho demorado, refletindo sobre  tudo aquilo que estava acontecendo: os sentimentos estranhos, o clima com o marcos e agora, a cereja do bolo. O escândalo doméstico com a empregada e o jardineiro. Por sorte acho que as meninas não ouviram nada e eu estava decidido a manter o segredo, mas iria ter uma conversa muita séria com a verdadeira Dona Sílvia.


Quando Marcos chegou senti o maldito frio na barriga de novo, mas fingi que estava tudo bem, aquela seria a última noite das meninas em casa naquela semana, consequentemente, minha última noite como madrasta delas.

Jantamos normalmente, eu falei com Marília e vimos mais uma comédia romântica na sala. Quando já íamos todos nos preparar para dormir, as meninas pediram para ficar acordadas até mais tarde com a gente. Marcos disse que tinha que trabalhar cedo, mas eu acabei concordando em ficar com elas.

Marcos beijou as meninas e já estava para subir as escadas quando Priscila disse: “Credo Pai, não vai beijar a tia Silvia? Que grosseiro! Nada romântico!” Juliana riu concordando, mas eu e Marcos paralisamos, tínhamos conseguido fugir daquilo até aquele momento.

Ele sorriu sem graça, eu me mantive com olhos escancarados.

“Minha nossa pai! O que é isso? Parece um sacrifício!” Juliana disse. “Olha a cara da Tia Silvia de assustada porque você nem quer dar um beijo de boa noite nela. Você nunca foi assim... credo!”

Eu só queria gritar que eu não estava assustado por não receber o beijo, mas sim, justamente pelo contrario: por correr o risco de recebê-lo. Nenhum som conseguia passar pela minha garganta. Marcos me olhou questionador, mas se aproximou. “Não... é que... então...” Ele gaguejava em busca de uma desculpa. Eu estava sentado no sofá e não consegui reagir quando ele acabou ali bem perto de mim. Meu estômago tinha um nó cego dentro dele e eu sentia uma certa tontura. Ele se abaixou e eu vi o rosto dele se aproximando do meu. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Então os lábios dele tocaram minha bochecha, eram mornos, firmes mas macios ao mesmo tempo. Quando ele desencostou a boca, a sensação quente ficou grudada ali, como um adesivo.

“Ah não pai, você ta de brincadeira...” Juliana ralhou. “Nem um selinho?”

Então eu tirei coragem de algum lugar com um plano de última hora e me levantei rapidamente. “Agora sou eu que não quero, se seu pai precisa se esforçar tanto assim pra...” Então fui interrompido por lábios encostando nos meus, os mesmos lábios mornos, firmes e macios. Mas agora eles tocavam os meus lábios. Eu derreti enquanto meu coração pulsava na minha garganta. As mãos dele tinham agarrado minha cintura, eu as sentia como tornos me esmagando, mas elas apenas encostavam em mim suavemente.

Os lábios dele pressionaram os meus um pouco, as meninas aplaudiram e eu fechei os olhos. Ele se afastou. “Boa noite, querida...”

Quando meus olhos abriram ele já nem estava mais na sala. Mas eu sei que ele sorriu. Aquele maldito sorriso dele.

As meninas sorriam pra mim. “Ah Tia Sílvia é muito bom ver você assim, apaixonada pelo meu pai...” Juliana enfiou uma faca em mim. Eu nem pude responder, apenas me sentei de novo no sofá. Confuso, perdido, quase desmaiando.

“Aliás, eu vou confessar, não fica brava... Mas eu concordava com a minha mãe que diz que você é só uma aproveitadora, que só tá atrás do dinheiro do meu pai e num sei quê... bla bla bla... bom, você sabe que ela não gosta muito de você?” Minha sorte era que Juliana gostava tanto de falar que nem esperava pelas minhas respostas, porque naquele momento, eu não conseguiria dá-las. “Mas bom, essa semana foi totalmente o contrário, fiquei de cara! Descobri que você é tão legal, quer dizer, acho que você mudou também né? não sei bem o quê, mas você tá diferente... nossa Tia Sílvia, tão mais irada... não é Pri?”

A pequena abriu um grande sorriso. “Aham... Tia Sílvia, fica assim pra sempre?” Elas riram enquanto eu sentia a segunda facada, dessa vez enfiada por Priscila.

Elas ainda falaram por um tempo de como eu tinha mudado e estava tão melhor. Aquilo mexia comigo, mas não tanto quanto o beijo. Eram  quatro adesivos colados em mim. Um na bochecha, um em cada lado da minha cintura e um na minha boca. Parecia que Marcos ainda me agarrava e ao invés de nojo, algo dentro de mim queria que tivesse durado mais. Pra piorar, Juliana ainda disse que me via apaixonada pelo pai, que era bem mais perceptível que antes. Ou seja, eu demonstrava ser mais apaixonado por Marcos do que sua própria esposa. Eu estava apaixonado por um homem? Bom, eu tinha acabado de ganhar o selinho de um e não tinha respondido com um soco na cara. Não havia dúvidas que algo estava diferente.

Após o papo, as meninas me enfiaram no meio de um jogo de tabuleiro, mas eu mal prestava atenção. Toda hora elas me cutucavam pra jogar e tiravam o sarro pelas burradas que eu fazia. “É Pri, a Tia Silvia, até mudou, mas continua sendo nossa querida Loira Burra!” Eu apenas forçava um sorriso e uma cara de brava amigável pra elas e depois retornava ao meu tormento.

  Para compensar um pouco todos os apuros que elas haviam me colocado, as meninas pediram para eu dormir com elas no quarto de Juliana. Era exatamente daquilo que eu precisava: não dormir na mesma cama de Marcos. Levamos o colchão de Priscila para o outro quarto e usamos uma segunda cama que ficava embaixo da principal.

  As meninas ainda falaram muito aquela noite. Eu só pensei. Ou melhor me torturei até o dia seguinte.

Cheguei a ouvir as meninas levantarem e irem se despedir do pai, mas me mantive na cama, não queria encará-lo de jeito nenhum. Elas chegaram a cogitar me acordar, mas o próprio Marcos as dissuadiu, ele também deveria estar bastante incomodado.

Esperei apenas mais um pouco deitado após a saída de Marcos para não dar bandeira e levantei também. Sabia que a mãe delas não demoraria muito para chegar e queria me despedir direito delas.

Tomamos café juntos e quando eu já estava juntando a louça ouvimos a campanhia tocar. As malas já estavam na sala, as meninas me abraçaram, me beijaram e disseram que já estavam ansiosas pelo próximo fim de semana onde nos veríamos de novo. O que elas não sabiam é que não seria eu, mas sim a verdadeira Silvia.

Levei as meninas até a porta onde troquei frios cumprimentos com a mãe delas e carreguei uma das malas até o carro, percebi que até a ex de Marcos se impressionou com a atitude. Ganhei mais dois abraços, mais olhares congelantes e depois fiquei olhando as mãozinhas dando tchau enquanto o carro se distanciava.

Voltei para dentro de casa e me vi ali sozinho pela primeira vez, já que era o dia que Maria não vinha. Considerei aquilo uma tremenda sorte, pois tirando as meninas que eram ótimas companhias, minhas outras opções eram o Marcos e seu maldito olhar ou a empregada que me considerava com certa razão uma vagabunda.

Como eu estava tremendamente paranóico com o fato de eu estar achando que estava virando gay, assim que entrei fui correndo para o celular e resolvi pesquisar sobre o assunto. Não precisei de muito para atingir um certo alivio, uma das mais reconhecidas teorias cientificas sobre o assunto, considerava a orientação sexual algo derivado de hormônios e genes e naquele momento eu tinha genes e hormônios de uma mulher heterossexual que sentia atrações por homens. Não era eu que tinha virado gay, eu só estava naquele momento, dentro daquele corpo que sentia atração por machos. Era só uma maldita conseqüência daquele corpo. Cheguei até a sorrir sozinho, me sentindo muito mais leve. No dia seguinte eu voltaria para o meu corpo e todos aqueles sentimentos estranhos sumiriam, os sorrisos de Marcos seriam apenas sorrisos, os olhares apenas olhares. O alivio tomou conta de mim, eu devia ter olhado isso antes e me livrado da paranóia mais cedo.

Vesti um biquíni e fui para piscina. Aquele foi o momento em que me senti mais confortável naquele corpo, tudo estava prestes a acabar e aproveitar aquela mansão e até aquele corpo me pareceu muito razoável.

Sai da piscina e vesti uma das calcas jeans bem justas de Silvia, uma blusinha azul clara apertada e decotada, e um sapato de salto médio também azul. Agarrei minha bolsa rosa e saí. Dirigi até um restaurante que eu gostava e frequentava muito. Foi uma experiência muito diferente ver as reações diferentes dos garçons e manobristas que eu já conhecia como homem. Provoquei eles um pouquinho, mostrando o decote e minha bunda. Era engraçado estar do outro lado da cerca sem o peso da paranóia.

Tive um ótimo almoço e depois fui a uma galeria onde tinha uma exposição fixa minha. Totalmente camuflado perguntei para os guias da galeria sobre o autor e fiquei feliz com as respostas. Todos pareciam realmente gostar e respeitar muito meu trabalho.

Voltei para casa perto do fim da tarde já sabendo exatamente o que fazer. Me enfiei dentro da banheira e fiquei lá por quase duas horas fazendo tudo que eu tinha direito.

Saí bastante relaxado e resolvi que não deixaria o clima ficar estranho entre eu e Marcos. Decidi que a gente deveria era tomar umas, como homens. Apesar de tudo.

Quando ele chegou eu já estava pronto, com uma calça jeans preta, uma camisa branca que tinha uns babados na frente e uma bota de salto baixo preta. Ele abriu a porta e me encontrou no sofá. O frio na barriga veio, mas dessa vez eu já estava preparado. Eram os hormônios e os genes. Ele logo desviou o olhar, eu sorri, ele estava envergonhado.

“Oi...” ele disse timidamente, esperando que eu o destruísse verbalmente. Eu sorri. “Oi!” Foi fácil perceber a surpresa no rosto dele.

“Sobre ontem... bem... eu... eu queria... me desculpar... eu... eu... não consegui resistir... eu sei que...”

Eu levantei do sofá e o interrompi. “Desencana, cara! Isso já foi... Eu tenho um convite pra te fazer.”

Ele parecia um cachorrinho em uma casa nova, completamente desorientado. “Um convite?”

“É... eu queria que a gente saísse pra tomar umas, como homens. Como fizemos no começo da viagem, antes de toda essa bagunça. O que acha?”

“Eu... eu... Você tem certeza?” Ele ainda parecia bastante confuso e arrependido.

“Tenho sim.” Eu disse enquanto caminhava até a geladeira. De lá peguei duas long necks. Ofereci uma para ele que ainda estava parado no meio da sala meio em choque. Ele pegou meio sem jeito, bem devagar.

“E aí, vamos?”

Marcos só relaxou quando sentamos em um pub que eu costumava ir com meus amigos. Comemos muitas coisas gordurosas e bebemos. Tentei tomar Guiness como sempre fazia, mas tive que parar na primeira. Fiquei um tanto embriagado antes mesmo de terminar e ainda me senti completamente estufado. Isso de maneira nenhuma me desencorajou de beber, apenas passei para uma cerveja mais leve, feita de trigo. Uma que combinava muito com o que eu era, uma mulher.

Eu já estava bêbado e tentando desesperadamente me sentir como um homem de novo. A gente manteve a conversa no mundo masculino: esportes, carros, musica. Mas a realidade era muito diferente das minhas tentativas. Eu não conseguia parar de olhar para o Marcos de um jeito que não era nada masculino, eu olhava para a boca dele, prestava atenção nos seus músculos do pescoço, tinham momentos em que eu apenas deixava ele falar e assistia... eu, droga, eu ficava ali era admirando mesmo. E quanto mais eu bebia, mais a coisa piorava, eu comecei a imaginar a boca dele tocando a minha novamente, as mãos deles me tocando. Quando eu percebi eu já estava certo de que se Marcos desse qualquer passo, eu não agüentaria, eu iria realmente experimentar ser uma mulher por completo. Ele avançou a primeira casa:

“Eu sei que você não quer falar disso, mas... Porra! Eu achei que você ia me matar, depois do beijo que te dei. Fiquei com medo até de você invadir meu quarto durante a noite com uma faca.” Ele riu, eu também e, praticamente, senti o beijo novamente. O adesivo tinha voltado com força total. O sorriso dele me derretia.

A mistura da bebida soltando minha língua, com a intimidade que estávamos compartilhando ali e com, bem, meus estranhos sentimentos eu disse olhando para a bolacha de chopp que meus pequenos dedos destruíam: “É...” Eu sorri um riso muito mais feminino do que eu jamais achei que sairia de uma boca minha. “eu tive vontade de te matar mesmo, mas também... eu... tava sentindo. Eu... eu senti... é... com tudo aquilo que eu tava sentindo. Eu fiquei confuso... Paranóico... Eu fui até pesquisar na internet.” Mais um risinho feminino saiu da minha boca.

Tirei os olhos da bolacha de chopp e fui congelado pelo olhar dele. Ele sorria presunçoso. Eu estava me entregando para o predador e a cara dele deixava isso óbvio. Ele me deu mais corda.

“Pesquisar na internet? O que?”

Eu demorei para responder, estava difícil sair do feitiço que o sorriso dele tinha me colocado. Olhei pra baixo de novo agora meus dedos picavam desesperadamente o papelão.

“Bem... eu vi... eu vi que é normal... que é por causa dos hormônios... da genética, sabe?” Eu me sentia uma menininha adolescente, qualquer tentativa de fingir ser homem tinha ido pro ralo.

“O que é normal?” Ele disse já sabendo a resposta.

Eu senti meu corpo inteiro arrepiar, maldita boca, maldito álcool. “Eu... eu...”

“Você não achou o beijo tão ruim né?” Ele disse abrindo ainda mais o sorriso, eu sentia minhas bochechas queimarem de vergonha. Eu queria me enterrar.

Eu não respondi, eu não conseguia. Ele se levantou da cadeira alta de bar que estávamos sentados e se aproximou.

“Marcos... não...” Minha voz saiu pequena.

Quando eu percebi a mão dele estava na minha nuca e sua boca grudou na minha, daquela vez, a língua dele me invadiu, encontrando a minha. A outra mão dele se apoiou na minha coxa. Meu corpo inteiro agora ardia e ao mesmo tempo congelava. Eu literalmente derretia. Eu estava bêbado, eu sei, mas senti concretamente algo acontecer ali no meio das minhas pernas, senti meus mamilos ficarem duros. O meu corpo estava extremamente excitado. Os dedos dele se moviam entre meus cabelos, raspando na minha delicada nuca. Eu me arrepiava inteiro. Eu fechei os olhos. Eu entrei em um transe, um transe muito gostoso. Não sei se foi bebida, hormônio ou gene, mas sei que minha língua passeou com a dele.

Não sei quanto tempo durou, mas quando ele parou eu era uma estátua. Completamente ereto e assustado. Abri os olhos e dei de cara com um sorriso dele ainda pior, um sorriso vitorioso.

“Você também sente né? Não sou só eu...”

“Eu...”

“Sim, a genética é forte, os hormônios também...”

Eu apenas balancei a cabeça positivamente.

“Pois é, você não tem muita escolha... acho. Eu sabia dessa teoria, mas nunca tinha visto na prática.”

“Eu não sou gay...” Foi a única coisa que consegui dizer, ele gargalhou.

“Relaxa... Na atual circunstância, você seria gay se tivesse acabado de beijar uma mulher. E se aquela maldita estátua não me sacaneou também, acho que não sou uma.” Eu ri.

“É né? Eu sou... droga, eu sou uma mulher agora.” Eu realmente estava bêbado.

Ele riu de novo. “Pois é... você tem muita sorte no final das contas, vai conhecer os dois lados da moeda...”

“É, a Marília disse a mesma coisa...”

“E é verdade, você tem que ver o lado positivo disso tudo... e, bom, não só ver... acho que você deve aproveitar o lado positivo disso.” As últimas palavras foram ditas a milímetros da minha boca e ele me beijou de novo.

Dessa vez, um dos braços dele envolveu minha cintura e eu timidamente coloquei minhas pequeninas mãos no tórax dele. Eu estava entregue. O predador tinha pego a presa.

Quanto mais eu bebia, obviamente, mais inibições eu perdia e quanto mais inibições eu perdia, mais eu queria beber para ficar cada vez mais desinibido, livre para sentir aquilo tudo sem culpa. Estávamos nos agarrando como o casal que aparentávamos ser. Pior, parecíamos mesmo era um casal de adolescentes.

O pub tinha uma pista de dança. Antigamente eu ia para lá e ficava apenas observando, escolhendo uma das garotas para interagir. Isso foi antes de conhecer Marília e isso foi antes de estar como eu estou. Dessa vez eu simplesmente deixei a musica tomar conta de mim, eu dançava empolgadamente, sentia meus peitões balançando, meus cabelos chacoalhando. Droga! Eu até rebolava, chacoalhava minha bunda. Eu estava soltando toneladas de tensão ali na pista. Na pista e em Marcos. Eram turnos de reboladas e turnos de agarração com Marcos, eu nem precisava mais que ele desse qualquer passo, eu jogava meus braços em volta do pescoço e lançava meus carnudos lábios na boca máscula dele. Era diferente ser a mulher, eu acho que me soltei mais, deixei ele tomar conta de tudo. Tomar conta de mim.  Eu nem me incomodei quando comecei a sentir a ereção dele na minha barriga, pelo contrario, aquilo fez tudo ficar ainda melhor, me senti um pouco orgulhoso de estar despertando aquela reação no corpo dele.

Eu não estava mais ali, eu não era mais eu, eu não era nem Silvia mais. Eu era uma pessoa nova. Uma pessoa nova muito excitada.

Saí do bar cambaleando. Marcos não muito melhor, mas pelo menos mais forte, me segurava pelo braço. Entramos no taxi e nossa pegação foi para um novo nível. As mãos entraram no jogo. A primeira vez que ele pegou no meu seio, uma pequena voz gritou na minha cabeça dizendo que eu estava indo longe demais. Ela foi engolida por um gemido e um risinho que eu dei.

Então ele passou a me beijar apalpando meu peito. O que dizer sobre isso? Eu deveria me envergonhar, mas era uma delícia, eu poderia ficar horas daquele jeito. E quando ele começou a beijar meu pescoço então, eu fechei os olhos e me senti mergulhando numa piscina de algodão doce.

Acho que ele só não foi mais longe porque o pouco de discernimento que o álcool havia deixado nele o avisou que estávamos dando um show particular pro taxista. Ele se afastou um pouco sorrindo pra mim. Eu abri os olhos, minha calcinha devia estar encharcada, e quase implorei para ele não parar, acho que meu rosto implorou. Ele só fez um movimento com os olhos indicando o motorista e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha.

“Uau...” Ele disse. “Fazia tempo que eu... fazia muito tempo que eu não me divertia tanto... To me sentindo um adolescente...”

Eu apenas sorri, mas eu concordava plenamente, a noite estava incrível e eu me sentia uma garotinha, uma garotinha no seu primeiro encontro.

Chegamos em casa e foi impossível não nos agarrarmos de novo. Foi ele trancar a porta para nossos lábios colarem de novo. Então ele colocou as duas mãos nas minhas nádegas e me levantou do chão. Instintivamente, eu abri minhas pernas e o envolvi. Meus braços o agarraram pelo pescoço. Os dedos dele sustentavam minha bunda, me seguravam inteiro. Eu me sentia no paraíso. Ele atacou meu pescoço de novo, eu lancei minha cabeça pra trás e gemi.

Ele me carregou até o quarto e suavemente me colocou na cama. Eu sabia o que estava por vir. A voz tentou me avisar de novo. Eu apenas abri um sorriso embriagado e joguei meu peso pra trás deitando na cama. Ele se deitou por cima de mim, eu nem tinha percebido, mas minhas pernas estavam abertas aninhando o corpo dele, simulando o que estava por vir.

Alem da voz na minha cabeça, o próprio Marcos tentou me avisar enquanto atacava meu pescoço com sua língua mágica. “Você... você tem certeza?”

Eu primeiro gemi, senti um rio entre minhas pernas, um vazio enorme, uma necessidade absurda de ser preenchido. O peso dele sobre mim, as mãos dele me apalpando, me apertando. Claro que eu tinha certeza. Eu ri um riso de quem diz ‘Ah agora vamos pensar nisso?’ e disse “Bom, acho que a gente já passou do limite... Não quero nem pensar nisso agora... nem consigo pensar nisso agora... O que eu penso agora é que se você parar, eu te mato.”

Ele quase gargalhou e abriu um sorriso ainda mais safado. “Você que manda... eu não quero morrer agora, antes de...” Ele começou a desabotoar minha camisa.

Cada botão que era desabotoado, me dava direito a beijos nos seios, as vezes lambidas. A camisa se abriu expondo meus peitos aprisionados no sutiã pra ele. Foi só mais um convite pra ele continuar me despindo. Primeiro, ele só afastava os bojos da lingerie para chupar meus mamilos, colocá-los inteiros na boca e me enlouquecer. Depois, ele enfiou a mão por debaixo das minhas costas e me livrou da roupa. Do sutiã e da camisa. Agora, ele tinha acesso total a um dos grandes símbolos da minha feminilidade.

Meus seios ganharam atenção de estrela de cinema. Ele os chupava arrancando gemidos genuínos da minha boca. Ele lambia meus mamilos e as vezes os mordiscava. Eu não sabia o que fazer, nunca estive naquela posição antes, mas minhas mãos meio que se mexiam sozinhas. Eu agarrava suas costas, afundava meus dedos em seus cabelos e gemia, ah como eu gemia. Marília havia brincando com os meus seios antes, tinha sido bom, mas os avanços de Marcos eram mais fortes, mais firmes... mais gostosos.

Então ele desabotoou minha calça. Minha barriga se transformou no pólo norte e minha vagina nas cataratas do Iguaçu. Ele abaixou o zíper e beijou minha barriga. Eu me contorci de prazer. Ele arrancou minhas botas e as jogou no chão. Então começou a descer minha calça. Devagar, beijando minhas coxas, meu joelho.

Quando percebi, eu estava ali deitado na cama só com uma pequena calcinha branca cobrindo meu orgão sexual... feminino. Com um homem ajoelhado na minha frente, me olhando como um lobo faminto. Fugir era a última coisa que eu queria. Eu queria mesmo era que ele me devorasse.

Ele entendeu o recado. Começou debaixo, beijando meus calcanhares, minhas batatas da pernas, lambendo a parte detrás dos meus joelhos. Agarrando minhas coxas com a força de quem tá muito excitado. Eu continuava no transe prazeroso que tudo aquilo me colocava.

Ele abriu minhas pernas com urgência, eu fiquei inteiro arrepiado e soltei um gemido mais alto. Ele começou a lamber os interiores das minhas pernas, quase minha virilha, eu me contorcia e gemi ainda mais alto quando o nariz dele roçou ali no meio.


As incríveis mãos dele agarraram minha calcinha e foram a abaixando, raspando na minha pele, expondo minha vagina. Pude sentir a calcinha descolando dos meus lábios, eu jorrava líquidos femininos. Minha perna se abria sozinha, abrindo espaço pra ele, senti o ar tocando minha úmida intimidade, mas aquilo foi apenas o ensaio para algo incrível. A língua dele tocou levemente minha pele mais feminina e começou a passear por ali, explorando, me levando para o céu. Depois o ataque foi mais forte, a língua se enfiava na minha delicada abertura e quando subiu e tocou meu clitóris, eu gritei de prazer. Ele sabia o que estava fazendo, conhecia a anatomia da esposa, ali na hora, minha anatomia. Ele começou a sugar o ponto mais sensível dali e eu só tinha condições de me contorcer e gemer. Não havia mais razão nenhuma em mim, apenas prazer e sexo. Não demorou muito pra ele completar a ação enfiando um dedo ali no meio das minhas pernas. Um dedo muito maior que o de Marília, um dedo mais firme, um dedo que ficava muito mais gostoso e a vontade dentro de mim.

Ele ficou um bom tempo ali, chupando e me fodendo com o dedo. Me preparando, me deixando pronto. E quando ele se ajoelhou, arrancou a própria camisa, tirou a calça e a cueca. Tudo isso enquanto eu apenas me contorcia na cama de prazer, de vontade de continuar, de vontade de receber mais. Eu estava mais que pronto.

Ele se aproximou de novo, ajoelhado. Eu vi aquele negócio ali na minha frente. Apontando pra mim, empinado, másculo, potente. A voz dentro de mim tentou estragar tudo de novo. Marcos também ofereceu uma segunda chance, me olhou pedindo aprovação. Minha vagina escolheu por todos nós. Ela gritava por aquilo, exigia que fosse penetrada. Eu sorri timidamente e confirmei com a cabeça. Disse sem deixar que minha voz saísse, com os olhos semi cerrados. “Vem...” Mas minha vagina urrava. “Vai! Me fode com isso! Me impala!”

Ele veio, devagar. Meu coração quis pular pela minha boca, minha barriga congelou. Ele se colocou entre minhas pernas. Senti a pele dele roçando no interior das minhas coxas. Olhei de novo para aquele membro, prestes a entrar em mim. Fechei os olhos, abri um pouco mais as pernas e comecei a sentir algo ali roçando nos meus lábios vaginais, procurando uma entrada, procurando seu encaixe.




De repente, ele acha e eu sinto aquilo tudo dentro de mim. Me preenchendo muito mais que os meus dedos, muito mais que os dedos de Marília, muito mais até do que o dedo do próprio Marcos. Me satisfazendo muito mais. Aquele era o preenchimento que faltava, o encaixe perfeito. Eu estava ali de pernas escancaradas, recebendo um homem, um macho dentro de mim. A vergonha, a paranóia, a culpa. Todas as preocupações eram insetos perto da magnitude do prazer que eu sentia.



Quando ele começou a entrar e sair de mim então, todo o resto das brincadeiras sexuais que eu havia tido naquele corpo, pareciam realmente, apenas brincadeiras, superficiais. Aquilo era sério, aquilo era sexo, aquilo era prazer.
Ele beijava meu pescoço, meus seios. Eu agarrava seus braços fortes, cravava minhas unhas nas suas costas e me abria, me abria inteiramente pra ele. Para que ele me fodesse, me comesse, metesse em mim. E ele fez tudo isso, as vezes ele ia rápido e raso e aquilo me fazia soltar curtos e agudos gemidos. As vezes ele ia fundo, forte e devagar e aquilo me fazia soltar um gemido mais gutural, mais longo, mais de dentro.

Em um dos turnos em que ele estava indo rápido e raso, veio o primeiro. Eu senti meu corpo todo tremer e um prazer indescritível tomou conta do meu corpo. Eu não gemia mais, eu berrava e o prazer não saia de mim. Ele continuava ali, brincando de desintegrar meus nervos, meus ossos, minha pele. Quando tudo parecia que estava acabando, veio de novo, me nocauteando com uma luva deliciosa tesão. Eu parecia convulsionar, nocauteado pela poderosíssima sensação.

E foram alguns nocautes antes que eu sentisse o corpo dele tencionar e um grunhido escapar da sua boca. Ele enfiou mais algumas vezes bem fundo e bem forte e eu senti o membro dele pulsar dentro de mim, senti ele derramar seu líquido dentro de mim. A voz da minha cabeça berrou algo inaudível, já meu corpo recebeu aquilo com extrema felicidade.
Marcos caiu sobre mim, pesado, suado. Delicioso. Me beijou na boca de novo, eu podia sentir o gosto da minha própria vagina ali. Me beijou na bochecha também e saiu de cima de mim. Deitou-se do meu lado e agarrou minha mão.
Ficamos um tempo olhando para o teto em silêncio, eu estava bem zonzo, de prazer e da bebedeira. O mundo girava e eu sabia que girava para me dar uma vida, no mínimo, bastante mudada, mas eu não queria pensar naquilo naquele momento. Eu só queria curtir os neurotransmissores agindo no meu cérebro e se espalhando pelo meu corpo. Eu me sentia um drogado no meio de uma viagem alucinógena. Eu me sentia um deus... Uma deusa, eu me sentia uma deusa do sexo.
Não sei quanto tempo ficamos ali daquele jeito, mas lembro que antes de pegar no sono, senti ele beijar minha testa e ouvi ele dizer. “Boa noite, querida...” Eu acho que abri um sorriso, não sei, mas tenho certeza que dormi uma mulher bem feliz.

domingo, 9 de setembro de 2012

UMA PROFUNDA TROCA DE CASAIS CAP. 09


Chegamos ao shopping rapidamente, não estava muito cheio, em sua maioria, as pessoas ali ou eram adolescentes de férias ou peruas como eu. Ou seja, encaixávamos muito bem naquele cenário.

Era estranho ter que andar carregando uma bolsa sem ser no aeroporto ou indo para praia, mas o pior eram os olhares, dava pra perceber cada homem tentando ter uma vista melhor da minha bunda. Definitivamente, eu estava vivendo uma vida diferente.

Decidimos almoçar antes, mas até chegarmos a praça de alimentação, paramos em quase todas as lojas no caminho para no mínimo olhar as vitrines. Juliana estava em êxtase, parecia estar em transe. O resultado foi que sentamos na mesa da lanchonete já com duas sacolas.

Conhecendo meu novo apetite nesse corpo, resisti às minhas gula e costume e ao invés de pedir o maior lanche do lugar, pedi um dos menores. Dessa maneira, também não levantei nenhuma suspeita.

Após o divertido almoço continuamos a nossa peregrinação. Foi bem difícil controlar as meninas para que gastassem moderadamente. Eu entrava nas lojas sorrindo e conversava sobre nada com as vendedoras enquanto as meninas experimentavam milhares de coisas. Depois pagava tudo com o cartão de crédito de Marcos para o delírio das meninas e das vendedoras.

Juliana e Priscila me mostravam tudo e eu tinha que ficar fingindo me interessar por aquele rio de peças de roupas femininas que passava pela minha frente. Elogiava uma ou outra coisa de modo aleatório, tentando participar de tudo de um modo convincente, às vezes até arriscava palpites que pareciam demonstrar algum entendimento sobre o assunto.

A parte mais complicada foi ter que ficar recusando as infinitas ofertas das vendedoras desesperadas e às vezes até bem bonitinhas. Claro que viam em mim o alvo perfeito: a perua saindo com as enteadas e o cartão do maridão. Grudavam como carrapatos e me ofereciam tudo, dei até a sorte de duas ficarem praticamente seminuas me mostrando o caimento de uns tops. Mal sabiam elas que era um homem que estava carregando aqueles peitões siliconados que deixavam os delas no chinelo, pelo menos no quesito tamanho.

Tudo ia relativamente bem, eu estava me esquivando com categoria das vendedoras e atuando bem no meu papel, até que em uma das lojas Juliana chegou com um vestido na mão e parou bem na minha frente com um enorme sorriso no rosto. "Tia Silvia, você tem que levar esse! É a sua cara!" Ela o estendeu então: rosa, de tecido leve, que parecia muito pequeno para caber em mim.

"Magina Ju..." eu ri tentando dissuadí-la. "Além do mais, hoje é o dia de vocês!"

"Ah não... Por favor... Só prova, você vai ver..." Ela insistia.

Eu não sabia o que fazer. Obviamente, não queria comprar aquele vestido rosa, muito menos com o dinheiro do Marcos.

"Por favor... Tia Silvia... Experimenta..." Priscila entrou na conversa sorrindo seu belo sorriso e brilhando seus enormes olhos claros.

"Não vai doer nada..." Juliana decretou meu destino e quando dei por mim, me vi dentro de um cubículo cercado de espelhos para provar o tal vestido.

Me despi ali dentro, ainda analisando minhas novas curvas. Eu realmente estava na pele de um mulherão. Coloquei o vestido que era bem justo com certa dificuldade já ouvindo os gritos agudos vindos do lado de fora.

"Colocou? Colocou?" as meninas gritavam animadas. "Queremos ver!"

Para o meu desespero, o vestido servia perfeitamente e era curto, um tanto acima do joelho. Pra piorar ainda me deixava com um belo decote. Não tinha como negar, eu ficava absurdamente gostosa dentro dele.

A cabeça de Juliana apareceu entre a cortina enquanto eu checava minha bunda. "Uau!" ela disse e abriu o provador.

"Tia Silvia, você ta linda!" Priscila disse passando sua pequena mão sobre o vestido.

Juliana me olhou bem séria e cinicamente disse. "Bom, se você não comprar, eu compro com a minha mesada..."

"Ju, eu não preciso de mais um vestido... Seu pai deixou o cartão comigo e... Deve ser caro. Eu não quero..."

"A gente divide em até 6 vezes..." a vendedora se intrometeu, piorando minha situação.

"Pronto, está resolvido! O vestido vai, se meu pai reclamar, eu falo que eu te chantageei." Juliana disse sorrindo. Eu ainda tentei arrumar desculpas, mas no fim, sai da loja com um vestido que me deixava a mulher mais sexy do mundo, pago com o cartão do meu marido.

Estávamos abarrotadas de sacolas, até Priscila carregava coisas nas pequeninas mãos. Eu me torturava pensando em como Marcos ficaria decepcionado comigo por não ter segurado as meninas e ainda ter comprado um vestido pra mim. Mas eu simplesmente não consegui. Elas pareciam leoazinhas selvagens atrás de suas presas. Deixamos as compras ocupando todo o porta mala do carro e fomos ao cinema.

Assistimos mais uma comedia romântica, acho que estava fadado àquilo enquanto estivesse ao lado dessas meninas e uma tela na nossa frente.

Depois do filme ainda tomamos sorvete e finalmente voltamos para casa, eu me sentia cansado, mas muito leve e feliz. Apesar de tudo, as meninas continuavam confirmando que eram realmente adoráveis. Mas, mais que isso, durante todo aquele dia me fizeram esquecer de toda maluquice que eu estava envolvido.

Chegamos em casa antes de Marcos, o que me deixou mais tranquilo, pelo menos ele não veria a quantidade exagerada de sacolas que havíamos trazido.

Fui para o quarto tomar banho e não me esqueci de pegar a roupa. Imaginei que Marcos não demoraria para chegar. Fiz bem, assim que saí do banheiro vestindo uma camiseta amarela e a bermuda de ginastica, Marcos estava sentado na cama e as meninas faziam uma espécie de desfile de moda para ele.

"Oi... Querido..." eu disse um pouco sem graça e estranhando muito chamá-lo daquele jeito sem ser brincando.

"Olá!" Ele disse sorrindo. "As meninas estão aqui me mostrando as compras!"

Antes que eu pudesse começar a me desculpar por tudo, Juliana me colocou em uma situação ainda pior.

"Você tem que mostrar pro meu pai o seu vestido novo também!"

"É! Você também tem que participar do desfile!" Priscila se juntou ao coro.

Marcos me olhou intrigado, mas sorrindo. "Ah... Você comprou um vestido pra você também?"

"Não briga com ela pai... A gente que insistiu..." Juliana me defendeu.

"É... A gente que pediu e ela ainda dividiu em 6 vezes..." Priscila acrescentou fazendo Marcos rir ainda mais.

"Eu... Eu..." Fiquei ali parado, sem saber o que dizer e o que fazer. Juliana agiu por mim, agarrou minha mão, a sacola e me arrastou para o closet.

"Meninas, se a Silvia não quiser... Não precisa, acho que ela... Marcos ainda tentou me salvar daquilo, mas Juliana apenas respondeu. "Bobagem, claro que ela quer!" e bateu a porta na cara dele.

Em minutos eu estava dentro daquele vestido e sobre um sapato de sato alto também rosa que Juliana tinha escolhido pra mim. Ela abriu a porta do closet e gritou. "tcha- nan! E aqui está a modelo Silvia produzida pela grande estilista Juliana!"

Os olhos de Marcos imediatamente vidraram em mim. Como culpá-lo? Eu sabia bem como eu estava. Um espetáculo para qualquer olhar masculino. Ele ficou um bom tempo ali parado, apenas babando por mim, os olhos dele diziam tanta coisa. Um calor invadiu meu corpo de forma inesperada. Pior, eu senti algo estranho acontecer lá embaixo, entre as minhas pernas. O olhar dele, ao mesmo tempo que me constrangia, pra minha imensa vergonha, também, de alguma forma, me fazia bem, dava um sentimento... Gostoso... Um frio na barriga, dos bons. Eu só queria me enfiar embaixo da terra, mas Juliana me deu um tampinha na bunda e disse baixinho. "Vai desfila..."

Eu dei alguns passos desajeitados. Eu não estava acostumado a andar de salto alto e ainda tinha uma tonelada de vergonha sobre os meus ombros. Isso sem contar toda a confusão que aqueles sentimentos bizarros aprontavam na minha cabeça.

Marcos continuava em transe e eu sabia exatamente o que se passava em sua cabeça, ele queria me comer, queria me agarrar ali mesmo e aquilo, minha nossa! Aquilo não me deixava enojado como eu achei que deveria. O que estava acontecendo comigo?

As meninas soltaram algumas vaias de brincadeira, dizendo que eu era uma péssima modelo e finalmente Marcos recobrou a consciência. "Chega meninas, deixem a Silvia em paz, hora do banho e depois de jantar."

"Tia Silvia, era brincadeira, você não é uma péssima modelo..." Priscila disse antes de sair.

Todo mundo riu e eu puxei forças contra todo o constrangimento e confusão que me assolavam naquele momento para dizer. "Eu vou treinar meninas, prometo!"

Elas saíram risonhas e eu fiquei ali no quarto dentro daquele vestido que me fazia transbordar sensualidade, sozinha, com o meu marido. Eu coloquei as mãos para frente do corpo, sem jeito. Ele me olhava ainda sorrindo, simpaticamente, mas eu ainda podia ver luxuria em seus olhos, a luxuria que me deixava estranho, prazerosamente estranho.

Ele brincou, me provocou para quebrar o gelo, como sempre fazia naqueles momentos esquisitos. "Você comprou esse vestido pra você é? Quem diria..."

"Foi... Foi a Juliana que... Bem... As meninas, elas..." eu balbuciei qualquer coisa enquanto torcia os dedos das mãos.

"Eu sei, eu sei, a Juliana com o jeito mandão dela e a Priscila com a carinha de pidona são impossíveis de se controlar. Pode tirar o vestido, mas bem..." Então, o rosto dele também deixou escapar constrangimento. "ele ficou realmente... Bom... Ótimo em você... Sei que não... desculpa... eu..."

Deixei ele ali falando e entrei no closet assustadíssimo. Eu gritava pra mim mesmo. “O que foi que aconteceu ali?” Fiquei apenas respirando fundo por alguns minutos e depois vesti as roupas de antes. Coloquei a mão na maçaneta umas quatro vezes antes de ter coragem de encará-lo de novo. Quase comemorei quando voltei e vi que ele estava no banho.

Me joguei na cama pensando em tudo aquilo, será que ele estava começando a confundir as coisas? E eu? O que estava acontecendo comigo? Que sentimentos eram aqueles? Hormônios feminino? Reflexos desse corpo? Quando ele me olhou daquele jeito, eu... droga... eu não achei ruim, na verdade, minha nossa, foi bom. Será que eu estava virando gay? Eu nunca havia me sentindo atraído por nenhum homem, não estou dizendo que estava atraído por Marcos, de jeito nenhum! Mas aquilo... foi tão estranho.

Ele saiu do banheiro quieto e olhando para qualquer lugar menos pra mim, eu fiz o mesmo. Quando cruzamos olhares, rapidamente desviamos. Ele também estava constrangido. Ele também havia sentido o algo estranho. Aquilo era um clima? Eu estava tendo um clima com outro homem?

Eu tinha que acabar com aquilo, respirei fundo, limpei a garganta e empostei a voz para falar sério, tentando ignorar tudo aquilo. "Desculpa pelas compras exageradas... Eu... Eu não fui capaz de segurá-las." Ele entrou no meu jogo, também pareceu respirar fundo e tentar deixar toda aquela estranheza de lado. Sorriu e tirou um bom tanto de peso do ar.

"Ah... nem se preocupa, eu entendo bem... Pidona e mandona, lembra? Sei bem como são minhas filhotas..."

"Mas elas são demais, cara! São ótimas meninas, foi uma tarde divertida." Eu disse 'cara' propositadamente, para tentar lembrá-lo e, bem,  para confirmar para mim mesmo também, quem eu realmente era. Um homem, que fala ‘cara’ quando se refere a outro homem e não ‘querido’. Ele não me corrigiu, fingiu nem perceber também. Acho que funcionou para os dois.

"Elas também adoraram, muito obrigado por cuidar delas!"

"Que é isso... É o mínimo que posso fazer... Além do mais, como eu disse, não é nenhum esforço, elas são incríveis, cara!"

Depois do jantar falei com Marília no telefone e me senti um pouco melhor. Um pouco mais eu, pelo menos. Ela estava um pouco preocupada com meu corpo habitado por Sílvia, disse que ela sumia e a deixava sozinha por horas para depois ainda voltar bêbada. A desgraçada estava aproveitando meu corpo do pior jeito possível. Bom pelo menos, eu estava com a minha vingança do bem andando a todo vapor. Ela teria uma surpresinha quando voltasse, todo mundo ia querer ela participando muito mais dos deveres da casa e sendo muito mais simpática.

O resto da noite passou sem nada muito diferente acontecer, eu só tentava esquecer todo aquele clima, aquele maldito vestido e aqueles sentimentos estranhos. Acho que Marcos também, senti que ele evitava me olhar. Dormi bem mais desconfortável do que de costume aquela noite.

Acordei cedo no dia seguinte, era o dia de Hopi Hari e aquilo me animava, seria um dia todo distraído pelas garotas e longe daquele clima estranho com Marcos.

Vesti o short mais comprido e menos justo que achei, um branco de tecido. O mais comprido, mas mais curto do que eu gostaria, minhas pernas ficavam praticamente inteiras de fora e ele ainda modelava minha bunda. Em cima vesti uma camiseta justa roxa e nos pés uma sandália branca de salto baixo. Sabia que o dia seria longo e queria ficar confortável.

Fora do quarto, encontrei Priscila prontinha apressando Juliana que se movia sonolenta. Tomamos café rapidamente, seguindo os pedidos da garota mais nova para acelerarmos. Ela estava realmente ansiosa.

Apesar de ser uma pequena viagem, chegamos rapidamente até ao parque com Priscila empolgadíssima no carro, relatando tudo que iria fazer. O parque estava relativamente vazio e nada atrapalhou nossos planos. Andamos em todos os brinquedos que as meninas quiseram, repetimos os favoritos, almoçamos, tomamos sorvete e aproveitamos tudo que o parque tinha a nos oferecer.

Tirando os olhares masculinos e a vez que tive que dividir o assento de um brinquedo com um adolescente que propositadamente encostava em mim mais que o necessário e ainda olhava para os amigos se vangloriando de estar ao meu lado, o dia foi ótimo e, como esperado, me tirou de todo caos de pensamento que eu estava.

Quase na hora de ir embora, no fim da tarde, início da noite, meu celular tocou e assim que a voz do outro lado falou, eu senti o maldito frio na barriga. Era Marcos e eu me surpreendi muito ao sentir aquilo só de ouvir a sua voz. Ele, como sempre, foi simpático e cuidadoso, querendo saber de nós. Eu contei um resumo do dia, avisei que já estávamos saindo e depois que desliguei voltei ao meu tormento mental. A voz do cara estava me dando frio na barriga? O que era aquilo afinal? Eu estava virando a mulher dele, de verdade?

As meninas até estranharam meu silêncio na volta. Eu disse que era apenas cansaço, mas na verdade eu estava quase chorando de preocupação. Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo comigo e aquilo me assustava muito.

Tudo ainda piorou quando chegamos em casa e eu vi Marcos. Ele sorriu saindo da cozinha com um avental, o sorriso dele quase me derreteu, ele estava preparando o jantar pra gente, ainda disse que tinha deixado a banheira preparada pra mim. O sorriso, o olhar dele, as atitudes, tudo aquilo me deixava ansioso e extremamente confuso, mas não tive como não abrir um grande sorriso e agradecê-lo.

Subi até ao banheiro e, realmente, lá estava ela implorando para que eu entrasse nela. Fumaça ainda saia da água enquanto eu tirava minhas roupas. Parecia que Marcos estava lendo meus pensamentos, aquele banho era tudo que eu precisava.

Coloquei um pé e senti a água o cobrindo como um leve e suave cobertor, quente e confortável. Coloquei o segundo e em seguida fui me abaixando, a água me abraçava. Quando me tocou ali no meio das pernas então, quase soltei um gemido. Fui deixando meu corpo ser acariciado pelo líquido. Meus seios flutuavam um pouco, eu não resisti e os agarrei, a sensação era incrível e não demorou para influenciar na umidade da minha vagina.

Eu sabia o que estava prestes a acontecer e aquilo fazia eu me sentir culpado. Tentei me controlar, tentei tomar apenas o banho, mas aquela coisa que eu tinha agora entre as pernas, parecia ter vida própria e implorava por atenção. Quando percebi eu já estava me esfregando ali embaixo e colocar um dedo ali dentro foi apenas uma conseqüência natural.

Acho que posso ter gemido mais alto do que planejei, mas não foi aquilo que me corroeu quando me recuperei de um orgasmo. Foram as imagens que passavam pela minha cabeça enquanto eu me masturbava, disformes, embaçadas, mas com certeza não eram Marília, pior, não eram nem imagens de mulheres. Os fantasmas que me assombravam na banheira tinham todos o sorriso e o olhar de Marcos.

Terminei o banho e sai desolado, confuso. Pensei em nem descer, pra não ter que encará-lo, mas aquilo seria uma desfeita horrorosa. Odiei mais uma vez o closet de Silvia, eu queria me esconder dos olhares de Marcos, mas ali só tinha roupinha pequena, decotes e coisinhas justas. Tudo inha, tudo rosa, tudo justo. Acabei com uma droga de uma calça legging preta e a camiseta do gato que chegava quase nos meus joelhos. Sabia que iriam estranhar eu repetir a roupa, mas naquele momento eu não queria nem saber.

Desci devagar e quieto. A mesa já estava posta e todos me esperavam.

“Ufa tia Silvia, até que enfim!” Priscila começou e Juliana continuou. “Estava morrendo de fome!”

Marcos apenas deu um maldito sorriso daqueles me deixava estranho e começou a servir a comida. As meninas passaram o jantar contando as aventuras conquistadas no parque. Umas duas vezes elas perguntaram confirmações pra mim e tiveram que me chamar mais de uma vez. Eu não estava ali, eu estava travando um conflito intenso com a minha masculinidade. Me desculpei, dizendo que era cansaço e nem fiquei com eles vendo televisão após o jantar, que para piorar, ainda estava uma delícia. Mais um acerto do meu marido!

No quarto falei com Marília pelo telefone e deitei bem cedo, mas demorei muito para dormir. Ainda mais depois que Marcos subiu. Eu fingi estar dormindo, mas não era nada mais que puro fingimento, pois a presença dele só deixou minha tranquilidade para pegar no sono ainda mais distante.

            Acordei duas vezes durante a noite suando frio, pesadelos com Marcos me agarrando inundavam minha cabeça. Pela primeira vez ouvi ele acordar, mas não fiz absolutamente nenhuma menção de demonstrar que eu estava acordado.

            Com ele fora da cama, finalmente consegui dormir mais tranquilo e só acordei com a empregada batendo na porta. "Dona Silvia, a Fátima já chegou!" Assustado e recém desperto, só respondi um desafinado. "Fátima?"

            A empregada respondeu meio impaciente. "É Dona Silvia... A manicure que vem toooodas as quartas feiras..." Sem ter muito mais o que responder, pedi para avisar que eu já estava descendo.

            Levantei o mais rápido possível, passei uma água no rosto, deixei meu cabelo apresentável e terminei as higienes matinais. Vesti a legging de novo, preciso confessar que era bem confortável, e uma camiseta regata rosa, mais comprida. Fui de chinelo mesmo, suspeitava que minhas unhas ali seriam repintadas também.

            Encontrei a tal Fátima na sala, uma garota morena que devia ter mais ou menos a idade de Silvia. Nos cumprimentamos com beijos no rosto. Percebi que as meninas estavam na piscina enquanto eu me acomodava em uma poltrona. Fátima preparou as coisas me perguntando da viagem e eu fui contando tudo dentro do personagem. Falei das praias, dos jantares, tudo de um jeito que ouvi as outras mulheres falando na praia. Eu estava virando uma mulher convincente.

            "Vou fazer na cor que você encomendou, certo?" Ela me perguntou e eu apenas deixei tudo acontecer, não seria uma cor de unha que iria piorar minha situação.

            Ficamos ali tagarelando e eu realmente estava me sentindo uma dondoca falando sobre amenidades com a garota que fazia minhas unhas. Quando ela acabou, eu tinha dez unhas muito bem pintadas de vermelho claro bem vivo, meio puxado para um rosa-choque. Agradeci a manicure, me despedi e a empregada me avisou que o almoço estaria pronto em meia hora. Definitivamente, aquela mulher não gostava de mim, ou melhor, de Silvia. Era sempre seca e muitas vezes até ríspida comigo. Não sei se eu a culpava tanto, eu mesmo não era nenhum fã da dona do corpo que eu ocupava, mas ainda assim, era chato agüentar aquilo.

            Fui até o quintal e avisei as meninas, elas só saíram da piscina quando eu prometi me juntar a elas por lá depois do almoço e foi o que eu fiz, após a refeição obriguei as meninas a esperarem umas duas horas e depois, lá estava eu de biquini de novo.

            Passei protetor solar e verifiquei se as garotas tinham feito o mesmo, em seguida, me deitei no sol e peguei uma revista para ler. Era uma revista feminina, mas pelo menos me distraía.

            Depois de algumas páginas lidas, percebi uma movimentação a mais na casa e para minha surpresa, um garoto de uns vinte e poucos anos aparece na minha frente. “Boa tarde Dona Sílvia...” Ele disse com um sorriso no rosto. Um péssimo sorriso safado. Eu até coloquei uma toalha sobre mim enquanto me perguntava quem era aquele cara.

            “Vou só fazer uma pequena poda hoje...” Ele disse respondendo meu questionamento mental, devia ser o jardineiro.

            Ele ficou ali mexendo nas plantas, eu voltei a ler e as meninas variavam entre brincadeiras na piscina e conversas comigo fora dela. Volta e meia eu pegava o moleque jardineiro me olhando e aquilo começou a me incomodar muito.

            Quando o sol já começava a dar sinais de se por. Eu falei para as meninas entrarem e irem pro banho. Eu planejava fazer o mesmo. Elas entraram correndo e eu fui recolher toalhas e copos que tinham ficado por ali. De repente senti algo agarrar o meu braço. Era o maldito jardineiro. “Finalmente ficamos sozinhos...” Ele disse perto do meu ouvido.

            Eu arranquei meu braço do dele. “O que é isso?”

            “O que é isso digo eu, gata... Passei tanto esperando esse dia, tava com saudades. Você foi viajar com o doutor idoso e me deixou aqui só com as plantas.” Ele disse passando a mão na minha bunda, na minha cintura.

            Eu sai correndo, me livrando das mãos dele. “Vou ligar agora mesmo pra polícia seu... seu...”

            Entrei na sala esbaforido e peguei o telefone, quando ia começar a discar uma mão desligou o aparelho, me virei e vi a cara da empregada.

            “Não Dona Sílvia, isso eu não vou deixar a senhora fazer. O doutor Marcos é um homem incrível e eu aguentei você o traindo com o meu sobrinho, bem debaixo do meu nariz. Pensa que eu não sei? Agora sei lá o que te deu depois dessa viagem que você tá toda diferente, mas eu, você não engana não! Isso é só mais um truque barato para sacanear o doutor Marcos mais uma vez e pior, agora ainda quer levar meu sobrinho pro buraco! Você é uma pilantra Dona Sílvia, nunca deixou de ser uma... uma... prostituta.” Ela cuspiu tudo aquilo em mim, como se estivesse guardado há anos. Foi um tremendo desabafo e eu só queria dizer que eu não era a ‘Dona Sílvia’.

            “Tia Maria...” O jardineiro balbuciou com os olhos esbugalhados, pelo menos, a partir daquele momento eu passei a saber o nome dela.

            Eu fiquei em silêncio, chocado. Eu não sabia o que dizer, nem o que pensar. A Sílvia estava traindo o Marcos com um garoto, um jardineiro. Eu tinha só que concordar com a empregada, com a Maria, Silvia ainda era uma vadia. Eu ocupava o corpo de uma vadia sem vergonha que traía o marido dentro da própria casa dele.

            Devolvi o telefone no gancho vagarosamente. Maria me olhou menos raivosa. “Desculpa Dona Sílvia, eu... eu...”

            Eu a interrompi. “Não Maria, você tem razão....” Foi o que eu disse. “Isso nunca mais vai acontecer...”

            Ela me olhou assustada, eu continuei. “Por favor, só não conte pro Marcos, ele não merece isso.”

            Ela apenas acenou positivamente com a cabeça, pegou o sobrinho pela mão, embora parecesse muito mais que ela o puxava pela orelha, e eles saíram, me deixando ali, pasmo por ter participado de uma cena de novela, como um protagonista.